sábado, 23 de novembro de 2013

Piratear ou não Piratear?

EIS A QUESTÃO!


A indústria de entretenimento e informação cresce em um ritmo vertiginoso, tanto no que se refere à quantidade de obras produzidas nos últimos anos, na quantidade de potenciais consumidores bem como no calibre das cifras envolvidas no seu processo de elaboração, execução, marketing e distribuição. São monumentais e onerosos filmes, seriados, jogos eletrônicos, músicas, livros e etc. A indústria, que ainda é regida pela velha estratégia mercadológica pautada em produtos físicos, trata os bens de ordem cultural e intelectual - e então imaterial - com uma materialidade exacerbadamente inadequada ao atual contexto. O alto preço para aquisição desse tipo de produção possivelmente advém, além da alta carga tributária no caso dos brasileiros, do repasse dos custos da fabricação somados com uma grande margem de lucros (nada que surpreenda, pois se trata de capitalismo e é assim que ele funciona). O ponto problemático é que os potenciais consumidores jamais pagarão por algo que eles acreditam ter um preço injusto ou além de suas capacidades financeiras. Não seremos ingênuos, se eles podem conseguir o mesmo produto gratuitamente, eles sempre consideraram “preço justo=zero dinheirinho”. Em países mais pobres ou desiguais, isso é uma regra muito mais enraizada, mas não se exclui os países desenvolvidos. Prova disso que países com alto padrão de vida e excelente poder aquisitivo por parte da população, continuam pirateando, obviamente com índices bem abaixo em relação aos demais.


Football Manager: o game mais pirateado de 2013!


Claro, essa é uma forma bem objetiva de ver a lógica do consumo, desconsiderando valores ou compromissos individuais que cada um estabelecerá com o sacro-santo mercado (alguns juram que sempre compram para apoiar altruisticamente a indústria e o mercado, amém!). O fato é que aparentemente as leis que regem a produção industrial e o mercado tradicional de bens materiais palpáveis, já não conseguem dar conta de tal imaterialidade. Muito disso se dá pelo fato de que diferente de um produto físico, a aquisição ou apropriação do bem não é o mais relevante, mas sim o acesso (talvez único) a ele. Outro fator é que produtos imateriais se multiplicam como o pão de cristo (aleluia!), o que é bem diferente do que bem material (como um carro ou um relógio, por exemplo) que a propriedade se concentra em um objeto específico e que a transferência de para o outro requer uma desapropriação. Por isso na pirataria online não há sensação de roubo, mas sim de partilha. Também não podemos ignorar que foi a indústria cultural do capitalismo que em primeira mão privatizou/arrendou/apropriou o primordial bem coletivo: a cultura humana!


O premio de seriado mais pirateado vai para...


Muitos argumentam que a pirataria prejudica a indústria de entretenimento, pois os próprios funcionários e/ou artistas terão que arcar com os prejuízos e desabonos. Existem ainda aqueles que esbravejam que com a pirataria, a indústria recebe menos dinheiro e assim a qualidade das produções cairiam. O fato é que nenhum artista e/ou funcionário perdeu emprego por conta da pirataria e nenhum também deixou de perder em tempos anteriores ao que Jack Sparrow entrou em ação, nenhum garantidamente teria aumento de seus ganhos ou parariam de ser explorados caso a pirataria acabasse. Ademais, a qualidades das produções não está decaindo, muito pelo contrário está cada vez aumentando mais, a revelia do aumento dos caribenhos online.
Ao que me parece, a luta dos antipiratas é muito mais uma luta dos deuses da indústria pela manutenção dos lucros exorbitantes, do que uma luta por uma justiça autoral e produtiva.
Não defendo a pirataria nua e crua, mas temos que reconhecer que é hora do mercado de entretenimento inventar fórmulas bem interessantes e atrativas (a Steam deu um passinho bem legal, mas é preciso mais) para que os seus consumidores não recorram aos sites “alternativos”. Quem sabe é hora da própria indústria se reinventar, deixando o vírus do alternativo e independente os contagiar definitivamente e saber fazer bom uso desse fator mutagênico X. Isso significa que políticas policialescas ou repressivas/opressivas antipirataria (leia-se: Microsoft) não farão nada além de aumentar a própria força da pirataria, estimulando a elaboração de fórmulas cada vez mais sofisticadas de burlar os sistemas, conforme o desejo humano demandar. Outra opção é deixar os piratas em paz...


            Qual a opinião de vocês sobre esse assunto bem mamilos? São contra ou a favor? Não vale deletar o arquivo mp3 correndo ai hein. Não se esqueçam de curtir nossa fanpage no Facebook!

Por Pedro Costa

Um comentário:

  1. Muito bom post cara!! Realmente a gente fica na dúvida do que consumir... preços abusivos e a não valorização do consumidor fazem com que pensamos muito antes de comprar alguma coisa!

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